Mais Crônicas Argumentativas
Não trair é subtrair algo de si
Augusto F. Guerra
Não sou, nunca fui, nem pretendo ser santo. Já traí. E há um certo prazer em enganar. Mas depois de observar com mais cuidado o comportamento humano, comecei a mudar minha maneira de pensar. Cheguei a uma conclusão: trair é realmente uma atitude de covardia.
Um amigo meu, o Demóstenes Navarro, me contou que estava traindo sua esposa. A alegria e empolgação saltavam-lhe os olhos quando me contava os sórdidos detalhes de suas façanhas sexuais. Depois de alguns depoimentos, comecei a refletir: e sua esposa? A pobre coitada dava um duro danado: cuidava dos filhos e da casa, trabalhava fora, fazia a comida, lavava as roupas. E o que recebia em troca? Um par de córneos. Por que o marido não separava de uma vez e parava de enganar a coitadinha? Pois eu respondo isso pra vocês. Vamos pensar racionalmente. Ele tem uma mulher que dá conta de coisas importantes e básicas em sua vida. Além de tudo que citamos mais acima, a mulher põe dinheiro em casa; ajuda nas despesas e assume a disponibilidade de ir quitar as contas domésticas. Em suma, o Demóstenes poupa parte do dinheiro de seu trabalho, e a mulher realiza todas as atividades domésticas que também seriam dele.
Pra que separar? Se isso acontecer ele vai ter que gastar dinheiro com empregada ou diarista (o que vai sair mais caro), vai começar a gastar mais do seu dinheiro consigo, já que vai perder a contadora e pesquisadora de preços; vai ter que arrumar tempo para ver os filhos, afinal vai morar separado dos mesmos, isso se não ficar com a guarda deles e ter que assumir mais responsabilidades sozinho! Além do mais, a amante vai encontrar nessa situação a oportunidade perfeita de ser a titular, se bem que ele não sabe se essa vai ser tão boa empregada quanto a atual titular.
Então é melhor não mexer no que está quieto. Uma trabalha e a outra o diverte, lhe dá prazer; assim ele tem um monte de histórias eróticas pra contar para os amigos. Uma coisa importante, por mais que a esposa dele seja uma malabarista sexual, ele não pode compartilhar isso com os seus camaradas; é melhor, ter uma amante mesmo. Desta forma, ele pode palestrar para os amigos sobre “como conquistar as mulheres” e recuperar o prestigio da virilidade diante dos amigos.
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